terça-feira, 5 de maio de 2015

Besteira

É como se nem tudo pudesse ser dito, escrito ou demonstrado. Como se ficasse sempre esse nó na garganta, formando ondulações difíceis de ser consertadas, fazendo com o que a saliva nunca desça.
É como se o vento da madrugada me fizesse pensar e repensar em tudo o que eu sou e no que eu deveria ser - aliás, não só vento da madrugada. É o frio que me engole, o calor que me dissolve, a brisa que me envolve.
Não sei ser sã, muito menos ser impura. Não sei agir, nem mostrar, nem coagir, nem buscar. Aquela sensação estranha de que tudo está dando certo mas, no finalzinho, VRUM! Tudo desmorona; assim, sem mais nem menos, sem vírgula, sem acento, sem ponto final. Não resta um chapéuzinho para cobrir a cabeça do ó, e nem uma cobrinha para dançar em cima do á.
E o quanto a gente vive sem reclamar? E o quanto a gente vive a apreciar? E o quanto a gente quer vivenciar? Rude, má, ríspida. O que mais pode completar o incompleto? O que mais pode ser feito para ser perfeito? Ninguém compreende e nunca irá compreender. No fim, vai ser só aquela coisinha de menininha inventando algo para reclamar.
O nó vai se desfazer, a pressa vai acabar, o sonho vai passar, o ser vai ser, o quê não terá porque e a imagem vai se desfazer. Assim, feito nuvem e vento. Se desfaz. Sempre se vai. Sempre cai. Cai a chuva, cai a temperatura,  cai o valor. Só não cai a ficha. A ficha que nem precisou ser comprada, as comparações que nunca foram implantadas, a guerra que nunca houve batalha e a aventura que nunca começou.
Nós se desatam. Nós se atam. Nós que nunca iniciaram.

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