sábado, 4 de outubro de 2014

Ela, mais uma vez.

A saudade sempre me aperta e sempre dá um jeito de me achar. Seja na calada da noite, seja na felicidade do dia.
E é assim mesmo, quando menos se espera, quando menos se vê e menos explícito fica. Vem devagarinho, mas com força. Não importa a intensidade, o jeito, a forma e a direção, uma hora a saudade vem. Vem e aperta tudo que tem em você. Vem e desperta tudo o que você viveu e conviveu. Vem e te arranca as melhores coisas em um milésimo de segundo.
Eu vivo de saudade. A partir do momento que vejo um sorriso e logo depois se apaga, a saudade atinge e começa. Brusca e direta. Ela maltrata mesmo, pior que arma. A saudade aparece nos abraços, nos olhos, nas conversas e nos sonhos; na música, na melodia, nas vozes e nas composições; no café da manhã, no almoço e na janta - até mesmo nos lanches corridos da tarde - no cremozinho que para de existir, nas palestras que dá sono, nas atividades que cansam, nos metros que percorremos pra comer e se reunir, nas fotos sem poses, na piscina infantil que se tornou adulta, no parquinho de madrugada, nas mesinhas no meio da grama, no "é tois" que perambula na cabeça, nas culturas que conhecemos, nos sotaques que aprendemos, nos chapéus voando, no matte da Argentina, na rapadura do Rio Grande do Norte, nos bombons do Rio de Janeiro, nas pessoas do Brasil inteiro concentrado em um só local e na vontade de vivenciar tudo como se fosse um único dia. E claro que é a saudade. O passeio pela praia, acordar às 7 e ir dormir uma da manhã, se colorir para uma festa, andar atrás de um paredão como se fosse trio elétrico, se fantasiar e soltar a criatividade, beijar e ter aquele "sentirei falta disso", ser criança mas ser maduro, entender o que tá acontecendo, aprender a ser amigo, conviver com desconhecidos, dividir sua intimidade com quem você nunca viu e a vontade de "saber mais" ser despertada. Ter um par e participar de um baile de máscara em Veneza, trocar lembranças, fazer piquenique, lavar roupa, chorar e sorrir ao mesmo tempo, falar "muda de assunto, Staff!", agregar valores, cantar um grito de guerra, receber medalha, representar seu Estado, fazer contato e gritar "aê" toda vez que escutar o "eu ouvi um aê?". Saudade é isso e mais um trilhão de coisas.
Deitar no conforto da própria cama, sentir o cheirinho de casa, abraçar o que ficou longe, ser recepcionada por quem era saudade e estar na zona de conforto é muito bom; mas ter uma semaninha de aprendizado e diversão é melhor ainda.
A saudade já está batendo na minha porta.

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